Nesses tempos de Coronavirus - uma “gripezinha” segundo um “especialista” insano - dois pesquisadores que estudaram as línguas da Amazônia se despediram da vida: no 1º de abril, o australiano Gerald Taylor (1933-2020), que residia na França e, no dia 9, o suíço Jorge Gasché (1940-2020), que se nacionalizou peruano. Não se trata da “morte natural” de dois “velhinhos”, mas do sepultamento de dois arquivos vivos, cujo conteúdo vale a pena abrir.
O homem que sabia javanês
Gerald Taylor, que falava 17 idiomas – um deles era o javanês - se dedicou ao estudo das línguas com a mesma paixão devotada à culinária. Eu o conheci no dia em que preparou no seu cafofo da rua Mouffetard, em Paris, um prato que aprendeu na Indonésia: frutos do mar e arroz com cravo-da-índia, noz-moscada, gengibre, coentro, acompanhado do sambal – molho apimentado de pasta de camarão e limão. Convidou um amigo comum, o linguista Alfredo Torero, que me levou a tiracolo. Foi o suficiente para iniciarmos uma amizade duradoura e para que eu conhecesse sua trajetória.
Com pouco mais de 20 anos, Gerald saltitou pela ilha de Java, Itália e França, de onde embarcou em navio cargueiro para o México. Andarilho, desceu pela Venezuela, Colômbia e Equador e, em Otavalos, ouviu pela primeira vez a língua quéchua, diferente das variedades que escutou em seguida no Peru e na Bolívia. Saboreou, também pela primeira vez, a culinária andina: cazuela de llama, cuy pururucado, rocoto relleno, locro com milho tenro, quinoa e trezentos tipos de batata.
Apaixonou-se pelas receitas registradas em quéchua. Entrou fundo no estudo da língua. Traduziu ao francês e ao castelhano o Manuscrito Quechua de Huarochiri, obra clássica sobre mitologia andina e “monumento da literatura mundial”. Uma farta produção de livros e artigos o tornaram o maior especialista da França nesse campo. Por isso, o mundo andino, que muito deve a ele, pranteou sua partida.
Patê no tucupi
Nós, do mundo amazônico, devemos também reverenciá-lo. Embora vinculado ao Instituto Francês de Estudos Andinos, suas pesquisas desceram dos Andes à floresta, ainda em Paris. Convidei-o a almoçar. Minha mãe, de passagem pela França, inventou uma entrada: o paté de foie gras ensopado no tucupi trazido por ela de Manaus. Taylor se deliciou com esse “patê no tucupi” – uma heresia para os franceses. Na ocasião, comentei com ele e com sua colega Consuelo Alfaro sobre documentação que estava encontrando em arquivos europeus relativa à língua geral da Amazônia. Inebriado pelo tucupi, Taylor me sugeriu escrever artigo para a revista Ameríndia da Universidade Paris VIII, de cujo comitê editorial ele fazia parte.
O artigo Da “Fala Boa” ao português na Amazônia Brasileira, publicado em 1983, com chancela da Universidade de Paris-Sorbonne e do CNRS – Centro Nacional de Pesquisa Científica, aguçou o interesse dele pelas línguas amazônicas. Não sei o que pesou mais: se o Nheengatu ou o tucupi, o certo é que Taylor, guiado pelo antropólogo Renato Athias, realizou três ou quatro viagens ao Rio Negro nos anos 1980. Numa delas, como não havia o controle rígido de hoje, levou um vidro de tucupi com pimenta murupi no voo da Air France para Paris. A rolha explodiu com ruído de bomba, parecia champagne, e espalhou o líquido amarelo, aromatizando o compartimento da bagagem de mão. Ele se fez de leso.
Se o tucupi se perdeu, a língua não. Taylor levava para Paris documentos, gravações, textos transcritos, léxicos, dados sintáticos, recolhidos em sua primeira viagem ao campo de apenas três semanas, quando registrou relatos narrados em Baniwa e em Nheengatu pelos indígenas Domingo de Souza Paiva, Viriato Plácido, Humbelino Plácido e Gersem Laureano. Voltou um ano depois, convidado pelo padre salesiano Afonso Casanovas. Em uma terceira viagem ao rio Negro recolheu versão em tukano das mesmas histórias, contadas por Agostino Freitas da missão salesiana de Yauareté e se deliciou com a quinhapira, o beiju, o tucupi e a farina do Uarini.
Koronavirus iodza
Erudito, ele construiu uma ponte entre narrativas andinas e amazônicas. Identificou ainda em alguns mitos que circulam em línguas indígenas, elementos dos contos de Perrault, Andersen, Grimm. As histórias de João e Maria, de Aladim, do Pequeno Polegar e tantas outras ganham cor e personagens locais: Curupira, Matintaperera, Mãe-d’água, Cobra Grande. Os indígenas fizeram também, na literatura, o seu “patê no tucupi”:
- “Esse aspecto híbrido dos contos populares que dialogam com narrativas tradicionais não devem nos surpreender. Foram levados ao Rio Negro por missionários italianos e alemães, por militares e por nordestinos seringueiros” – escreve Taylor depois de passar um pente fino nos textos, entre outros, de Couto de Magalhães, Barboza Rodrigues, Silvio Romero, Câmara Cascudo.
O estudo linguístico das narrativas lhe permitiu concluir que “o baniwa do Içana (arawak) e o Nheengatu (tupi), apesar de pertencerem a duas famílias diferentes, possuem várias estruturas sintáticas em comum”.
Esse Taylor era mesmo danado! Apoiado no seu trabalho de campo, escreveu “Introdução à Língua Baniwa do Içana” (Unicamp, Campinas, 1991), no qual propõe um alfabeto para transcrever a língua, baseado na análise fonológica. Elaborou o “Breve Léxico da língua Baniwa do Içana” (Uneb, Salvador, 1999) e transcreveu contos em várias línguas do Rio Negro publicados no blog, inconcluso, que Renato Athias organizou com ele.
(https://baniwa.blogspot.com/)
Talvez suas pesquisas tenham contribuído de alguma forma para a elaboração, agora em março de 2020, do Informativo Idaanataakawa Koronavirus iodza hia komonidadinai organizado por Juliana Radler do Instituto Sociambiental e a autoria de vários indígenas da FOIRN para orientar na prevenção e no enfrentamento ao Covid-19. Se for assim, valeu a vida de Gerald Taylor, que dessa forma retribuiu a quinhapira e a farinha que degustou no Rio Negro.
Retorno à maloca
O espaço desta coluna no Diário do Amazonas se transforma em obituário. Já havia enviado o comentário sobre Gerald Taylor, quando chegou a notícia da morte de Jürg Ulrich Gasche, o Jorge, que na década de 70 se embrenhou na floresta peruana e de lá nunca mais saiu, pesquisando línguas e culturas amazônicas. Formado em antropologia e linguística pela Sorbonne e pela Universidade de Basilea, falava alemão, francês, espanhol, polonês e russo e se especializou nas línguas huitoto, secoya, bora e ocaina, nas quais era fluente. No dia em que recebeu seu título de nacionalidade peruana, escreveu num mural, em língua huitoto: “Amo a terra peruana e o seu povo”.
O “seu povo” era formado fundamentalmente pelos grupos nativos. Jorge viveu mais de 40 anos em Iquitos e lá dirigiu o Instituto de Investigaciones de la Amazonia Peruana (IIAP), onde coordenou o projeto “Biosociedade”. Fundou a Associação de Apoio às Comunidades Nativas da Amazônia (ANACONDA). Assessorou o movimento indígena, pesquisou sobre a “História do movimento organizativo do povo Ashaninca” e “História das organizações shipibo-conibo”. No LXI Congresso da SBPC em Tabatinga apresentou o trabalho “Porque fracassam os projetos de desenvolvimento da Amazônia”, quando propôs a aplicação dos princípios da pedagogia intercultural aos projetos de desenvolvimento.
Teve papel importante na formação de professores bilíngues e com eles discutiu a “História, função e conduta dos intelectuais indígenas no entroncamento de duas sociedades: os povos indígenas e a sociedade envolvente na Amazônia peruana”, tema de sua comunicação em congresso internacional na Suíça, em 2001. Organizou simpósio com o título sugestivo “O intelectual orgânico nas relações interculturais. Voltar a ler Gramsci?”. Outro título provocativo foi o de sua conferência, em 2010, na Universidade Nacional da Colômbia: “A ignorância reina, a estupidez domina e os caras-de-pau se aproveitam. A engorda neoliberal e a dieta da floresta”.
Autor de livros, entre os quais “Sociedad Bosquesina”, definida por ele como “a sociedade amazônica rural que abarca tanto os povos indígenas como as comunidades mestiças, ribeirinhas, caboclas”. Lá desenvolve sua teoria social sobre “o retorno à maloca”. Criticou o ex-presidente Alan Garcia, que propôs a mineração em território indígena. Publicou artigos em revistas especializadas da Europa e Estados Unidos. No Brasil, a Editora da Universidade Federal de Roraima publicou artigo em que é coautor sobre “Questão ambiental, desenvolvimento sustentável, desigualdades sociais e proteção social na Pan-Amazônia”.
No trabalho de campo para sua tese sobre ritual e política entre os Uitoto-muri, o antropólogo Edmundo Pereira, guarda lembranças da generosidade de Gasché que abriu sua biblioteca em Iquitos e com ele trocou figurinhas. Tornaram-se amigos. Lembra algumas histórias. No último encontro que tiveram, no Museu Nacional, no Rio, Jorge chegou com sua inseparável valise de couro, que guardava uma lata de nescau cheia de mambe conhecido no Rio Negro como ipadu. Mambeador contumaz, ofereceu-lhe mapacho – o cigarrão de tabaco amazônico. Curioso, Edmundo indagou como ele conseguia passar na alfândega com aquela erva:
- Eu digo que é um fitoterápico, bom para artrite de velho como eu.
Só nos restar evocar aqui as palavras de Edmundo ao se inteirar da morte de Jorge:
- Que Buinaima - o Criador dos Uitoto – o guarde!
Ver blog - http://jgasche.weebly.com/
Un puente de los Andes a la Amazonía:
Gerald Taylor y Jorge Gasché
José R. Bessa Freire - Diário do Amazonas - Coluna Takiprati
Foto da pagina do FB de Johanna Gasché
En estos tiempos de Coronavirus - una “gripecita” según un “especialista” insano - dos investigadores que estudiaron las lenguas de la Amazonía se despidieron de la vida: el 1º de abril, el australiano Gerald Taylor (1933-2020), que residía en Francia y, el día 9, el suizo Jorge Gasché (1940-2020), nacionalizado peruano. No se trata de una simple “muerte natural” de dos “viejitos”, sino de la sepultura de dos archivos vivos, cuyo contenido vale la pena abrir.
El hombre que sabía javanés
Gerald Taylor, que hablaba 17 idiomas – uno de los cuales era javanés - se dedicó al estudio de las lenguas con la misma pasión devotada a la culinaria. Lo conocí el día que preparó en su “choza” de la calle Mouffetard, en París, un plato que aprendió en Indonesia: mariscos y arroz con clavo de olor, nuez-moscada, jengibre, culantro, acompañado de sambal – salsa con pimienta de pasta de camarón y limón. El ágape era para un amigo en común, el lingüista Alfredo Torero, que me llevó sin ser convidado. Fue suficiente para iniciar una amistad duradera y para conocer su trayectoria.
Con poco más de 20 años, Gerald recorrió la isla de Java, Italia y Francia, de donde embarcó en un navío carguero hacia México. Andarillo, descendió por Venezuela, Colombia, Ecuador y en Otavalos, escuchó por primera vez la lengua quechua, diferente de las variedades que escucharía enseguida en Perú y Bolivia. Saboreó, también por primera vez, la culinaria andina: cazuela de llama, cuy pururucado, rocoto relleno, locro con maíz tierno, quinua y trecientos tipos de papa.
Se encantó con las recetas registradas en quechua. Entró a fondo en el estudio de la lengua. Tradujo al francés y al castellano el Manuscrito Quechua de Huarochiri, obra clásica sobre mitología andina y “monumento de la literatura mundial”. Una abundante producción de libros y artículos lo tornaron en el mayor especialista de Francia en ese campo. Por eso, el mundo andino, que mucho le debe, lloró su partida.
Paté con tucupi
En el mundo amazónico, también debemos reverenciarlo. Aunque estuviera vinculado al Instituto Francés de Estudios Andinos, sus investigaciones bajaron de los Andes a la floresta. En Paris, lo invité a almorzar cuando mi madre, entonces en Francia, inventó una entrada: el paté de foie gras ensopado en tucupí – el sumo fermentado de la raíz de yuca - que ella trajera de Manaus. Taylor saboreó con deleite ese “paté al tucupi” – una herejía para los franceses. En aquella ocasión, comenté con él y con su colega Consuelo Alfaro que estaba encontrando en archivos europeos documentación relativa a la lengua general de la Amazonía. Embriagado por el tucupí, Taylor me sugirió escribir un artículo para la revista Amerindia de la Universidad Paris VIII, de cuyo comité editorial hacía parte.
El artículo Da “Fala Boa” ao português na Amazônia Brasileira, publicado en 1983, con el sello de la Universidad de Paris-Sorbonne e do CNRS – Centro Nacional de Pesquisa Científica, agudizó su interés por las lenguas amazónicas. No sé lo que pesó más: si el Nheengatu o el tucupí, lo cierto es que Taylor, guiado por el antropólogo Renato Athias, realizó tres o cuatro viajes al Río Negro en los años 1980. En uno de ellos, como no había el control rígido de hoy, llevó un frasco de tucupí con pimienta murupí en un vuelo de Air France a París. El tampón explotó con ruído de bomba, parecía champagne, y derramó el líquido amarillo, aromatizando el compartimiento de bagaje de mano. Se hizo el desentendido.
Si el tucupí se perdió, la lengua no. Taylor llevaba a Paris documentos, grabaciones, textos transcritos, léxicos, datos sintácticos, recogidos en su primer viaje a campo de apenas tres semanas, cuando registró relatos narrados en Baniwa y en Nheengatu por los indígenas Domingo de Souza Paiva, Viriato Plácido, Humbelino Plácido y Gersem Laureano. Voltvió un año después, convidado por el padre salesiano Afonso Casanovas. En un tercer viaje al Río Negro recogió una versión en tukano de las mismas historias, contadas por Agostino Freitas de la misión salesiana de Yauareté donde saboreó a quinhapira, el beijú, el tucupí y la farina do Uarini.
Koronavirus iodza
Erudito, construyó un puente entre narrativas andinas y amazónicas. Identificó además elementos de los cuentos de Perrault, Andersen, Grimm en algunos mitos que circulan en lenguas indígenas. Las historias de Juan y María, de Aladin, de Pulgarcito y tantas otras presentan color y personajes locales: Curupira, Matintaperera, Mãe-d’água, Cobra Grande. Los indígenas hicieron también, en la literatura, su “paté con tucupí”:
- “Ese aspecto híbrido de los cuentos populares que dialogan con narrativas tradicionales no deben sorprendernos. Fueron llevados al Rio Negro por misioneros italianos y alemanes, por militares y por nordestinos caucheros” – escribe Taylor después de un análisis minucioso de diversos textos, entre los cuales, los de Couto de Magalhães, Barboza Rodrigues, Silvio Romero, Câmara Cascudo.
El análisis lingüístico de las narrativas le permite concluir que “el baniwa de Içana (arawak) y el Nheengatu (tupi), a pesar de pertenecer a dos familias diferentes, poseen varias estructuras sintácticas en común”.
Ese Taylor era admirable! Apoyado en su trabajo de campo, escribió “Introdução à Língua Baniwa do Içana” (Unicamp, Campinas, 1991), en el que propone un alfabeto para transcribir la lengua, en base al análisis fonológico. Elaboró el “Breve Léxico da língua Baniwa do Içana” (Uneb, Salvador, 1999) y transcribió cuentos en varias lenguas del Río Negro publicados en el blog, inconcluso, que Renato Athias organizó con él. (https://baniwa.blogspot.com/)
Tal vez sus trabajos hayan contribuido de alguna forma en la elaboración del Informativo Idaanataakawa Koronavirus iodza hia komonidadinai organizado por Juliana Radler del Instituto Socioambiental y la autoría de varios indígenas de la FOIRN para orientar en la prevención y en el enfrentamiento al Covid-19, ahora en marzo de 2020. De ser así, valió la vida de Gerald Taylor, que de esa forma retribuyó la quinhapira y la farinha de yuca que degustó en el Rio Negro.
Retorno a la maloca
El espacio de esta columna del Diário do Amazonas se transforma en obituario. Ya había enviado el comentario sobre Gerald Taylor, cuando llegó la noticia de la muerte de Jürg Ulrich Gasche, Jorge, que en la década de 70 penetró en la floresta peruana y nunca más salió de allí, investigando lenguas y culturas amazónicas. Formado en antropología y lingüística por la Sorbonne y por la Universidad de Basilea, hablaba alemán, francés, español, polaco y ruso, se especializó en la lengua huitoto, secoya, bora y ocaina, en las que era fluente. El día en que recibió su título de nacionalidad peruana, escribió en un mural, en lengua huitoto: “Quiero a la tierra peruana y a su gente”.
“Su gente” era formada fundamentalmente por los grupos nativos. Jorge vivió más de 40 años en Iquitos y allí dirigió el Instituto de Investigaciones de la Amazonia Peruana (IIAP), donde coordinó el proyecto “Biosociedade”. Fundó la Asociación de Apoyo a las Comunidades Nativas de la Amazonía (ANACONDA). Asesoró el movimiento indígena, investigó la “Historia del movimiento organizativo del pueblo Ashaninca” e “Historia de las organizaciones shipibo-conibo”. En el LXI Congreso de la SBPC en Tabatinga presentó el trabajo “Porque fracasan los proyectos de desarrollo de Amazonía”, cuando propuso la aplicación de los principios de la pedagogía intercultural a los proyectos de desarrollo.
Tuvo un papel importante en la formación de profesores bilingües y con ellos discutió la “Historia, función y conducta de los intelectuales indígenas en el entroncamiento de dos sociedades: los pueblos indígenas y la sociedad envolvente en la Amazonía peruana”, tema de su comunicación en el congreso internacional en Suiza, en 2001. Organizó un simposio con el título sugestivo “El intelectual orgánico en las relaciones interculturales. ¿Volver a leer Gramsci?”. Otro título provocativo fue el de su conferencia, en 2010, en la Universidad Nacional de Colombia: “La ignorancia reina, la estupidez domina y la conchudez aprovecha”. Autor de libros, entre los cuales “Sociedad Bosquesina”, definida por él como “la sociedad amazónica rural ‘que abarca tanto los pueblos indígenas como las comunidades mestizas, ribeirinhas, caboclas”.
Allí desarrolla su teoría social sobre “el retorno a la maloca”, a la aldea. Criticó el ex-presidente Alan García, que propuso la minería en territorio indígena. Publicó artículos en revistas especializadas de Europa y Estados Unidos. En Brasil, la Editora de la Universidad Federal de Roraima publicó un artículo en coautoría sobre “Questão ambiental, desenvolvimento sustentável, desigualdades sociais e proteção social na Pan-Amazônia”.
En el trabajo de campo para su tesis sobre ritual y política entre los Uitoto-muri, el antropólogo Edmundo Pereira, recuerda la generosidad de Gasché que abrió su biblioteca en Iquitos e intercambió informaciones. A partir de ese momento, se tornaron amigos. En el último encuentro que tuvieron, en el Museo Nacional en Rio, Jorge llegó con su inseparable valija de cuero en que guardaba una lata de Nescau llena de mambe conocido en el Río Negro como ipadu. Mambeador contumaz, le ofreció mapacho – el cigarro de tabaco amazónico. Curioso, Edmundo indagó como conseguía pasar en la aduana con aquella hierba:
- Digo que es un fitoterapéutico, muy bueno para artritis de viejo como yo.
Solamente nos resta evocar aquí las palabras de Edmundo al enterarse de la muerte de Jorge:
- Que Buinaima - el Creador de los Uitoto – lo guarde!
(blog - http://jgasche.weebly.com/)