CRÔNICAS

Como preservar a tradição indígena? Mandando brasa

Como preservar a tradição indígena? Mandando brasa

Preservar a tradição não é conservar as cinzas, é soprar a brasa

 para garantir que o fogo permaneça aceso (Jean Jaurés. 1911)

No final de dezembro chegam o verão e o natal. É tempo de abacaxi, manga, jaca, presépios, tender, peru e de doutorandos desesperados com os prazos que se esgotam para defesa de tese. Há um corre-corre nos programas de pós-graduação com caça a avaliadores para compor bancas. Os convidados, antes de toparem, levam em conta o tema, a teoria e a metodologia da tese, o programa e a linha de pesquisa, os perfis do orientador e do orientando e, last but not least, o cardápio. Sim senhor! Há quem espere lanches opíparos após o ritual acadêmico.

Não vou mentir. É o meu caso. Quando convidado, faço sondagem discreta sobre o menu programado. Foi assim que esse “banqueiro” que vos fala participou em três bancas nos dias 17, 19 e 20, já ao som do jingle bells. Sonhava ser recompensado pelo trabalho árduo com banquetaço nas defesas de Márcia Kambeba (Letras- UFPA), Marlon Ferreira (História Social-Uerj) e Luís de Jesus (Letras UFPA), mas infelizmente aconteceu uma decepção gastronômica, que será aqui revelada após breve notícia sobre as pesquisas.

Bem orientados, os três pesquisadores sopraram o fogo da tradição considerado extinto por muita gente, mas que ainda pode iluminar e aquecer, segundo Jean Jaurés (1859-1914) falante de occitano, uma língua do sul da França, país – pasmem – com mais de 70 línguas que, minorizadas, convivem anonimamente com o francês, idioma oficial. Em 1911, Jaurés reivindicou o uso nas escolas de três dessas línguas: o occitano, o bretão e o euskera para preservar a tradição tão ameaçada lá quanto no Brasil, onde se cometeu glotocídios.  

Caderno-canoa

Mas a brasa da tradição foi reavivada agora na tese de Márcia Kambeba com o sopro de dona Assunta, sua mãe-avó que, deitada na rede de tucum, fumava cachimbo, contava histórias, cantava na língua ancestral e fazia benzeduras, rezos e banhos com ervas sagradas. Márcia deu voz a essas narrativas Kambeba repletas de sabedoria, que foram silenciadas pelo dispositivo colonial. O sopro na brasa preserva a oralidade, revigora a língua, atualiza e transmite conhecimentos essenciais sobre o uso da terra, o cuidado ambiental e as relações com os seres encantados habitantes desses espaços pan-amazônicos.

Cerca de 1.500 Omagua/Kambeba que vivem no Brasil desconheciam a existência dos 3.500 do Peru visitados por Márcia em duas etapas do trabalho de campo. Lá, ela inventariou narrativas orais e documentou com fotos e vídeos a arquitetura, a pintura, as roupas, as materialidades e o canto em espanhol, mas também na língua ancestral. Dessa forma, atualizou o léxico deste idioma do tronco Tupi e registrou a história oral, que dormia no “baú da memória”. Não foi possível visitar os 110 Omágua em território equatoriano.

A tese investiga as experiências históricas nos dois primeiros países.  Registra relatos de violências do contato colonial, que incluem escravização, epidemias, massacres, destruição de aldeias. Para isso, usa fontes históricas, relatos de viajantes e missionários e entrevista os velhos, incluindo os que vivem na aldeia San Joaquin de Omagua no Peru, para onde ela viajou com seu caderno de campo por ela denominado de caderno-canoa.

Para redigir a tese, consultou suas observações anotadas neste caderno-canoa, os relatos, os desenhos, os grafismos, as descobertas, emoções e frustrações. Essa consulta reavivou sua memória, fazendo com que retornasse mentalmente ao campo em uma nova visita virtual às aldeias e a criar uma representação dos lugares visitados.

- O caderno-canoa e eu navegamos, remamos e nadamos em águas turvas e cristalinas da pesquisa científica contemporânea, inicialmente em águas rasas, depois em águas profundas – ela escreve.

A metodologia da pesquisa denominada pela autora de Kuara Açu, que significa “grande caminho”, incorpora a sabedoria ancestral aos procedimentos científicos. Ela bebeu na fonte de José Ángel Quintero Weir, indígena do povo Añuu, na Venezuela, doutor em linguística e antropologia pela Universidade Nacional Autônoma do México (Unam). No seu livro, ele explora o conceito de “sentir-pensar” para combater a colonialidade, articula pensamento e sentimento e estabelece diálogos: da lógica cartesiana com Davi Kopenawa e de Francis Bacon com Ailton Krenak.

A raiz e a antena

Tal qual Quintero, Márcia Kambeba sugere que o conhecimento deve estar enraizado na experiência vivida, na conexão com a comunidade e na relação com a Terra, reivindicando a interdependência entre os seres humanos e o mundo natural. Ela recorre a alguns conceitos da sociolinguística como línguas em contato, bilinguismo, política e governo das línguas, assim como às noções de dispositivo colonial, etniCidade, territorialidade e transterritorialidade.   

Com esses conceitos, olhou a tradição com outros olhos para entender como se atualiza, conservando sua essência. No lugar de derramar lágrimas sobre as cinzas da tradição Kambeba, contribuindo para apagar o fogo que ainda lá resiste, Márcia reavivou o rescaldo com sopro forte. Assim, pôde perceber a resiliência cultural como um processo onde os Omagua/Kambeba, ancorados na tradição, ressignificam tudo que chega na aldeia por influência ou sob pressão. Quando precisa, coloca lenha nova para ativar a fogueira.

Um dos exemplos por ela apresentado é o uso do rap na musicalidade indígena, que mantém a originalidade da língua ancestral, abordando temas da luta e da resistência. Como quer Gilberto Gil, a árvore da cultura precisa da raiz para se sustentar no solo e se nutrir, mas necessita também de uma espécie de “antena” - a luz solar para o processo de fotossíntese.

- A música que as crianças cantam na aldeia San Joaquin, no Peru, em ritmo de rap, está repleta de sentimentos de pertencimento à sua cultura. Também no Brasil, na aldeia Turucari-Uka, em Manacapuru (Am), as crianças Omágua/Kambeba cantam 'Meu Pintinho Amarelinho' traduzido para a língua ancestral – escreveu Márcia, citando “Los Caminos de la Música” de Ladislao Landa sobre fenômenos similares no mundo andino.

Raiz e antena marcaram as identidades herdadas por Márcia: a Kambeba da mãe-avó Assunta e a Witoto do avô paterno.  No entanto, nascida num presépio em Belém do Solimões numa aldeia do povo Maguta/Tikuna, onde viveu sua infância, adicionou à sua história de vida esta outra identidade com camadas de territorialidade, oralidade e ancestralidade, além do alfabeto e da escrita em língua portuguesa. Ela é uma espécie de ONU indígena transcultural. 

- Numa madrugada, acendi meu cachimbo ou xanduka como chamam meus parentes Fulni-ô e relembrei a promessa da minha avó, que era professora. “Se você passar de ano, te dou uma bicicleta”. Cada ano, ela renovava o pacto, mas nunca recebi a bicicleta física, embora tirasse sempre boas notas. Só depois compreendi: a vó queria era que eu não parasse de pedalar a “bicicleta do saber” para continuar remando a “canoa da ciência”.

A canoa de saberes

Márcia Kambeba, escritora, poeta, cantora, com muitos livros publicados, escreveu o poema bilíngue Igara Suí Ikua (A canoa de saberes) para sua tese, que finaliza com carta da avó, já falecida, endereçada ao povo Omagua/Kambeba, cujo conteúdo lhe foi transmitido através de um sonho. Em outras palavras, na carta a avó recomenda soprar sempre a brasa da tradição com um recado de força, continuidade e esperança.

A outra tese na luta para preservar a tradição foi a defendida por Marlon Ferreira, que soprou o rescaldo de cinzas milenares. Ele aborda a longa história local e indígena na Região dos Lagos (RJ) através das pesquisas arqueológicas, que deram origem à criação de museus de arqueologia em Rio das Ostras, Saquarema e Araruama. Analisou currículo escolar e livros didáticos e verificou que se limitam ao remoto período pré-colonial, mas apagam a presença indígena nos últimos cinco séculos. Concluiu que existe brasa mais recente a ser soprada.

A terceira banca foi um exame de qualificação de mestrado do timorense Luís de Jesus sobre o ensino do português no Timor-Leste. Sua língua materna é o mambae, que resistiu ao glotocídio colonial, ao lado de 20 línguas locais usadas em situação de bilinguismo com o tétun - língua franca com mais falantes do que o português, ambas línguas oficiais do Timor Leste consagradas na Constituição após a independência do país. O sopro na brasa da tradição reaviva a diversidade de línguas portadoras de saberes.

A tese de Marlon, a única de cujo banquete usufruí, merece resenha à parte.  Além dos salgadinhos degustados no intervalo, os integrantes da banca receberam iguarias da culinária da Região dos Lagos. A “cesta básica” continha produtos com receitas típicas. Havia a “sola de amendoim”, doce tradicional indígena, feito com féculas de mandioca e de amendoim envolvida em folhas de bananeira e assada em forno à lenha, além de cocada artesanal preparada em caldas em grandes tachos, dois tipos de tapioca e o doce de abóbora.

Na banca via zoom do Luís de Jesus, que era apenas de qualificação de mestrado, nenhuma experiência gastronômica. Mas o refinado gourmet espera que na defesa da dissertação haja katupa – bolinho de arroz cozido em leite de coco, temperado com açafrão, alho e sal, enrolado em folha de coqueiro. Não podem faltar também o agridoce midlar-siin temperado com tamarindo e capim limão e a Bebinca de Timor, cuja textura lembra o nosso pudim de leite.

Culinária regional

A grande frustação foi após a defesa de Márcia Kambeba. Este “banqueiro” que vos fala, impedido de viajar a Belém por ordem médica, participou virtualmente da banca via zoom. No final, quando todos os presentes foram degustar a culinária amazônica, a dor maior era ter de ficar de fora. Só restava sonhar com o menu e imaginar como cada um se deliciava com as iguarias que, afinal, fazem parte do nosso patrimônio cultural.

Na minha fantasia, vi a orientadora Ivania Neves mergulhando numa cuia de tacacá como se fosse uma piscina perfumada com tucupi e quando ela boiava a goma de tapioca funcionava como condicionador dando brilho ao seu cabelo, com o jambu se emaranhando nas mechas como num penteado rastafári ou dreadlock. Vi Gersen Baniwa com os lábios roxos de açaí. Ananda Machado sorvia o damurida apimentado com caruru, tucupi e beiju. E Lucilena Tavares saboreava o fani da culinária Kambeba feita com peixe e macaxeira ralada.

Foi quando ouvi a voz da vó Assunta dizendo para mim: “Não fique triste, meu filho, te darei uma bicicleta para que continues participando em bancas fartas de culinária regional”. Amém.

Fotos Jussara Gruber. Desenhos: Cacique Uruma, Carla Marajoara e Araceli Miranda

Referências:

Marlon Barcelos Ferreira. Uma longa história local e indígena na Região dos Lagos: Arqueologia, Patrimônio, Museu e Ensino. Tese de doutorado em História Social. Uerj. São Gonçalo. 2024.  Banca: Rui Fernandes (orientador) Luís Reznik, Márcia Chuva, Juçara Mello, José Bessa.

Márcia Wayna Kambeba: Os Omágua/Kambeba: narrativas, dispositivo colonial e territorialidades na Pan-Amazônia contemporânea. Tese de doutorado em Letras. PPGL. UFPA, Belém.2024. Banca: Ivânia Neves (orientadora) Lucilena Tavares, Gersen Baniwa, Ananda Machado, Luísa Belaúnde, José Bessa.

Luís de Jesus: Governo da língua e o ensino de português em Timor-Leste: uma perspectiva histórico-discursiva. Exame de qualificação de mestrado. PPGL. UFPA. Belém. 2024. Banca: Flávia Lisboa (orientadora), Ivânia Neves e José Bessa.

José Ángel Quintero WeirConocer desde el sentipensar indígena. Teoria y práctica del conocimiento para la vida. México. Ixim-Universidade Autônoma Indígena (UAIN). 2022 (Prefácio de Carlos Walter Porto-Gonçalves).

Ladislao Landa Vásquez. Los Caminos de la Música. Géneros populares andinos en la segunda mitad del siglo XX. Lima – Foz do Iguaçu. Y. Carlesse. 2022.

Taquiprati. Simón Bolívar nos senderos da música andina. 14/07/2024. https://www.taquiprati.com.br/cronica/1747-simon-bolivar-nos-sendeiros-da-musica-andina e A bailarina do Caribe e da América Latina. 29/04/2024 - https://www.taquiprati.com.br/cronica/1741-sialat-a-bailarina-do-caribe-e-da-america-latina

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36 Comentário(s)

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Zeze Weiss comentou:
21/01/2025
Salve! Taí nossa bichinha, a Revista Xapuri, edição 123, janeiro/25, prontinha pra você. A divina matéria de capa traz o Bessa, este nosso craque que escreve e publica as mais belas crônicas sobre a Amazônia no seu blog TaQuiPraTi. Gostando, por favor curta, comente, compartilhe em suas redes sociais. Bom Proveito! Boa Leitura! https://xapuri.info/como-preservar-a-tradicao-indigena/
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Janaina Faustino (Revista Xapuri) comentou:
21/01/2025
Bem orientados, os três pesquisadores sopraram o fogo da tradição
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Nilda Alves comentou:
05/01/2025
Querido Bessa, bom Ano Novo, com bons acontecimentos pessoais e para nossa vida no Brasil A doideira de fim de ano me fez guardar teu escrito para um momento em que estivesse mais descansada. E o dia chegou - é hoje. Como sempre me deliciei com o teu escrito e nas referências encontrei algo que vou procurar José Ángel Quintero Weir. Conocer desde el sentipensar indígena. Teoria y práctica del conocimiento para la vida. México. Ixim-Universidade Autônoma Indígena (UAIN). 2022 (Prefácio de Carlos Walter Porto-Gonçalves). Há muito, desde a pandemia, para compreender o que fazíamos nas nossas "cineconversas" - termo criado por Rosa Helena Mendonça (que você deve conhecer do programa na TVE, "Salto para o futuro"), membra do grupo de pesquisa - nas pesquisas com filmes que desenvolvemos com grupos de docentes de Manaus, Salvador, Vitória e Nova Friburgo, temos usado 'verouvirsentirpensar' com filmes. Fiquei imensamente feliz com essa origem do que criamos, sem conhecê-la. E precisamos conhecer. Vou tentar encontrar a referência. Forte abraço e minha admiração, sempre Nilda. PS Envio em anexo um texto que publiquei em 2024 onde a cineconversa é explicada em citação de Rosa e o 'verouvirsentirpensar' aparece várias vezes.
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Francisco Bento da Silva (UFAC) comentou:
03/01/2025
Maravilha Bessa ! Eu estou estudando alimentação no Acre na primeira metade do século XX em uma pesquisa para promoção a titular e tem uma parte que irei falar sobre alimentações indígenas Muito legal esses trabalhos que você traz. Parabéns e bom ano de 2025
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Ademario Ribeiro Payayá comentou:
31/12/2024
Agora, fiquei comovido à beça! Não sei se comento sobre a comoção pela lindeza de luta, pesquisa e conquista do título de doutora pela minha querida parenta e amiga, Márcia Kambeba e de como ela coroou essa conquista com o ritual, convidados e convidadas que prestigiaram a sua defesa ou falar do quão comovido fiquei ao ver o empenho, iluminação e eloquência de um dos seus examinadores da sua banca de defesa - professor doutor José Ribamar Bessa Freire! Todos os que conhecem seu trabalho, sorve a enorme felicidade de na contemporaneidade – terem a sua companhia, inteligência, sensibilidade e generosidade - pelo empenho que ele empreende em tudo o que faz, particularmente com esse respeito às pesquisas e contribuições aos povos originários! Hoje, aqui, o brilhante e genial pai e mãe das Crônicas do TAQUI PRA TI escrevinha sobre a Márcia Kambeba e sua tese de doutorado em Letras e sabemos teve uma estrada repleta de adversidades, mas de muitas alegrias de encontros e reencontros e muitas sabenças nas quebradas ou à cada remada em seu Caderno-Canoa! Márcia foi guiada não apenas sua entrega e inteligência nessa navegação – mas orientada sob a presidência da Dra. Vânia dos Santos Neves, aguidores como o Prof. Dr. José Ribamar Bessa Freire, o Prof. Dr. Gersem Baniwa, Dra. Luisa Elvira Belaundi, a Profa, Dra. Ananda Machado e a Profa. Dra. Maria Lucilena Gonzaga. Que salvação aos nossos espaços dos campos às cidades, pulmões e corações a superamos tempos obscuros de extremos golpes, incêndios e extermínios às vidas humanas, fauna e flora! Enfim, sobrevivemos!!! Márcia incluiu em sua robusta e poética tese as tradições de seu povo Omágua/Kambeba! A Fundação Biblioteca Nacional celebrou o segundo ano do prêmio Akuli para aludir à importância das Histórias de Tradição Oral. Em 2023 o livro vencedor foi a antologia JENIPAPOS, organizada por Isabella Rosado Nunes, Daniel Munduruku, Darlene Taukane e Mauricio Negro, pela Editora Mina. Em 2024 o vencedor foi o livro Os Indígenas, a Mãe Terra e o Bem Viver de Ademario Ribeiro Payayá, pela Editora Moderna. Que venha um Novo Ano e que reforce as pesquisas e investimentos em prol das nossas tradições! Fiquei muito emocionado e curioso quando soube e quando recebi esse prêmio: senti de maneira inaudita as presenças do sábio, contador de histórias e pajé Akuli do povo Arekuná, tanto quando pedi licença aos povos de línguas Karib para saudar os presentes na língua Taurepang e que o fiz com muita honra e orgulho! Claro, trouxe um pouco de Tupi, Guarani e Kiriri! Naquela oportunidade o Prof. Bessa não pode estar presente de corpo e alma. Ele disse-se pelo Whatsapp que “fiz uma barbeiragem com os pingos de remédio para os ouvidos” – entretanto era possível ver a sua presenla plena esvoaçando pelo Auditório Machado de Assis naquela hora! Viva Akuli! Viva Bessa! Márcia! Viva as Histórias de Tradição Oral! Viva a Fundação Biblioteca Nacional! Preservar a tradição não é conservar as cinzas, é soprar a brasa para garantir que o fogo permaneça aceso (Jean Jaurés, 1911).
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Alan Sobreira comentou:
30/12/2024
A tese de Márcia foi defendida no momento em que a revista Science, prestigiada na área científica, publicou o artigo “Indigenizando as Ciências da Conservação para uma Amazônia Sustentável”, escrito por pesquisadores indígenas brasileiros, que reivindicam uma integração entre o conhecimento científico ocidental e o indígena, especialmente em temas ligados à preservação da Amazônia e de sua biodiversidade. "A ciência ocidental tem um histórico de apropriação e supressão do conhecimento indígena, mas, nas últimas décadas, testemunhamos um aumento repentino na reavaliação das relações entre comunidades científicas indígenas e ocidentais em todo o mundo. As bases teóricas e os métodos indígenas estão sendo colocados em diálogo com teorias e práticas ecológicas científicas há, pelo menos, quatro décadas, e tem ganhado tração", diz trecho do artigo. Segundo os autores, entre eles o Tuyuka Justino Rezende, os saberes indígenas precisam ser reconhecidos em seus próprios termos culturais e não, necessariamente, devem ser validados pelas ciências da conservação para que sejam considerados legítimos.
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Paulo Carrano comentou:
29/12/2024
Maravilha! Mais uma crônica boa à beça! Compartilhei com orientanda de doutorado que pesquisa jovens de quilombo.
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Taquiprati comentou:
29/12/2024
PUBLICADO NA Biblioteca Digital de Cartografia Histórica da USP. Biblioteca Digital de Cartografia Histórica da USP
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Rodrigo Martins comentou:
29/12/2024
PUBLICADO EM PROGRAMA DE ESTUDOS DOS POVOS INDIGENAS - UERJ https://www.facebook.com/story.php?story_fbid=615930250945646&id=100075860303241&_rdr
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Valter Xeu comentou:
29/12/2024
Publicado no Blog PATRIA LATINA - https://patrialatina.com.br/como-preservar-a-tradicao-indigena-mandando-brasa/
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Ademario Ribeiro comentou:
29/12/2024
Márcia Wayna Kambeba , isso, isso, isso, querida parenta! Prof. José Ribamar Bessa Freire é o que sempre desejamos ter em nossa existência e caminhada. Se não o fosse, o inventaríamos como se fôssemos Mavutsinim!!!
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Neia L. Rebouças comentou:
29/12/2024
Márcia Wayna Kambeba parabéns que trabalho maravilhoso.
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Magela De Andrade Ranciaro comentou:
29/12/2024
Fantástico esse mundo das Letras; ora nos ensina a conhecer o supostamente imponderável, ora nos deixa com os olhos lagrimejados. Enfim, quando nos damos conta, estamos anotando frases como em rito de oração ou como se estivéssemos transformado as páginas da agenda de anotações em CADERNO-CANOA. Uma verdadeira viagem proporcionada pela Crônica como remadas feitas por via dessa CANOA DA CIÊNCIA. Gratidão, meu prezado AMIGO, José Bessa, por tamanha inspiração!
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Verenilde Pereira comentou:
29/12/2024
Obrigada Bessa, por tudo. Inclusive por acompanhar por quase cinco décadas minha trajetória como jornalista, escritora, acadêmica, ativista. Bom 2025 , obrigada pelas crônicas, pelos ensinamentos..
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Delayne Brasil comentou:
29/12/2024
Uau! A crônica do @Jose Bessa já é de emocionar. Aí, @FLAVIO e @Miguel comentam belamente! Meu coração agradece por saborear um pouco estes saberes!
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Janine Malanski comentou:
29/12/2024
Tambem agradeço , palavras que nos alimentam
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Flávio (EGC) comentou:
29/12/2024
Maravilha Amigo Bessa. Nesta sua lida de mandar brasa, peguei uma boazinha pra mim, pra mode de manter meu fogo. Siguirei soprando, como sempre na incansável busca de saber que suas crónicas me oferecem. Não sou bom de boca como você. Mas fico aguando com água na boca imaginando e sentindo aqueles manjares amazônicas. Tempos atrás, por seu direcionamento busquei, sem sucesso, pelo livro do Quintero Weir. E agora busco pela tese da Márcia Kambeba e seus saberes enriquecidos por oralidades pan amazônicas. Muito lhe agradeço, sem mais pavulagem, se puder me dar alguma dica sobre esses trabalhos. No janeiro vindouro vou a Belém, e como ex prof da UFPA vou procurar ex colegas apoiado por suas dicas
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Mari Weigert (EGC) comentou:
29/12/2024
Que riqueza maravilhosa de saberes Bessa. É lição de encantamento. Que cada vez essa turma linda e inteligente sopre o fogo dos saberes ancestrais dos povos originários e reaviva essa chama. O mundo precisa disso! Lindo e emocionante texto!
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Miguel (EGC) comentou:
28/12/2024
Bessa, há tanto para comentar sobre essa mais-do-que-crônica, como já ressaltaram noss@s querid@s companheir@s, que destaco apenas o que mais me impressiona: a generosidade-grandeza-humildade do professor que faz do seu ofício um ato de amor e segue aprendendo com aquel@s que têm o privilégio de tê-lo na caminhada. Dessa brasa-paixão é que necessitamos para salvar Pindorama. Obrigado, meu amigo, por compartilhar conosco esse tesouro!
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Fiora Serafini comentou:
28/12/2024
Soprando juntos !!! Abraços!!!
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Loretta Emiri (via FB) comentou:
28/12/2024
Mais um brilhante texto do professor José Bessa, que diverte e faz pensar ao mesmo tempo.
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Andrea Sales comentou:
27/12/2024
Parabéns aos que defenderam seus trabalhos! Bessa, gratidão eterna por ter tido a oportunidade de ter sido orientada e "desorientada" por você! E assim me ajudou a trilhar caminhos para contribuir com as "brasas acessas"! Um.2025 abençoado e repleto de saúde e paz!
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Eneida Simões comentou:
27/12/2024
Parabéns mais uma vez pela bela crônica. Vc me ajuda a seguir pedalando ... Feliz 2025!!!
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Celeste Correa comentou:
27/12/2024
Adorei a estória da promessa da bicicleta feita pela vó Assunta! A defesa da Márcia Wayna Kambeba mostrou a sabedoria da avó dela e que sua metodologia realmente funcionou. Agora, se vó Assunta realmente falou no teu ouvido, usando a metodologia da bicicleta, eu creio que a felicidade pra ti foi em dose dupla, não só pela participação nas bancas, que eu sei o quanto isso te dá um enorme prazer, mas, também, pela possibilidade de degustares as delícias da culinária regional.
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Paulo Mumia comentou:
27/12/2024
Caraca, 3 bancas na semana de Natal ? Jose Bessa: Que história maravilhosa. E o nome caderno-canoa é tão significativo em tantos aspectos e interpretações
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Claúdio Muniz comentou:
27/12/2024
Kkkkkk …. Quando chegar o meu momento levarei as especialidades culinárias da casa . Boa passagem de ano mestre que 2025 venha cheio de esperança e saúde para continuarmos na luta . Axé
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Fernando FNCC comentou:
27/12/2024
Doutora Marcia Kambeba. Viva a guerreira de São Paulo de Olivença. Ela nasceu em uma aldeia Ticuna.
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Ana de Melo comentou:
27/12/2024
Ana De Melo (Uerj Historia): Ri e chorei! Sou muito sua fã! Marcia kambeba uma maravilhosa tbm
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Ronaldo Souza comentou:
27/12/2024
Professor, como posso acessar as duas teses: da Kambeba e do Marlon? O tema me interessa muito e vai ajudar na minha pesquisa.
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Márcia Wayna Kambeba comentou:
27/12/2024
Professor amado me faltam palavras para te agradecer por tudo que vc tem feito por nossa Amazônia e por nós povos e filhos dessa Amazônia na qual você também está incluído. Sou grata por sua generosa atenção, sua orientação, seu acolhimento de pai ( porque é assim que sinto sua acolhida a nós estudantes desesperados rsss que buscam um conselho seu). Eu me emociono e ao mesmo tempo me sinto honrada em ter sua amizade, em te conhecer logo você que é uma referência tão grandiosa da nossa Amazônia e também quando o assunto é línguas Indígenas. Tão sábio e ao mesmo tempo tão humilde no ato de ensinar, de apontar um defeito com jeito. Eu sou sua fã e muito fã. E olho e penso: quem sabe se me esforçar me torno parecida com ele. Porque dizia dona Assunta minha avó: olhe as atitudes boas das pessoas e busque trabalhar em você. Bjos de feliz 2025
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Ana Karina Brenner (UERJ) comentou:
27/12/2024
Fui logo compartilhar com quem semana passada me contava de perrengues em banca com quem deseja só chorar sobre as cinzas, guardá-las, cuidá-las mas soprar o fogo nem pensar, seria traição às cinzas.... Fantásticos trabalhos que chegaram em suas mãos. Ando assistindo a serie documental "A persistência da Memória" e com a experiência de uma rádio indígena, que transmite programas em muitas línguas, preservando a forma como seus produtores, de diversos lugares do Brasil, enviam os conteúdos, sobre a importância de aprofundar o multilínguismo no curso de Português com Refugiados. Aprender-ensinar português aprendendo-ensinando as muitas línguas que habitam os participantes do curso... sem subtrações, só ampliações de saberes-conhecimentos E a síntese que você faz desses 3 trabalhos me ajuda a consolidar essa ideia
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Erika Sousa comentou:
27/12/2024
Que incrível essa homenagem/mulheragem num texto da melhor qualidade! Espero que continues a degustar e compartilhar esses sabores que alimentam o nosso valer existir na t/Terra. : Que seus novos dias de 2025 lhe dê muitas alegrias, um presente pra nós que sorrimos com você. Viva seus novos dias!!! Um abraço apertado e sentido
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José Carlos Lima, comentou:
27/12/2024
José Bessa, o tom da crítica é o tom do humor, um humor maravilhoso que se coloca na sinceridade, na singeleza, mas também na contudência. Vindo de ti que é um decano Querido da nossa área e do nosso Departamento, pode ser entendido de várias formas, dependendo da ênfase. Eu opto pelo clamor que a sua crítica faz à necessidade aguda que há de diálogo, de troca respeitosa entre os que constroem o.mundo acadêmico, sem batida de porta, sem portas fechadas, sem narizes torcidos, sem rejeições e implicâncias que, vindas do dissenso, se transformam e desavenças e questões pessoais, quando nunca foram e jamais poderiam ser. E não é que mesmo sem querer, me recordo daquela história do seu círculo de orações com as suas irmãs???? Acho que as preces delas estão dando resultado... kkkkk. Parabéns, Querido @Jose Bessa. Um abraço mais que fraterno e ainda tempo, Boas Festas e Feliz 2025!!!!
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Marinete Vitorino comentou:
26/12/2024
Este texto é uma verdadeira iguaria a ser saboreada com prazer.
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Célio Cruz comentou:
26/12/2024
Essa do banquete em pós banca eu não sabia. Fiquei interessado na tese da Márcia Kambeba.
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Ana Silva comentou:
26/12/2024
Que lindeza de crônica!!! Poético, informativo e cheio de humor.
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